Eleições e mídia, com 133 milhões nas urnas

 

 
 
Artigo da Meta Consultoria e Comunicação Ltda
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Rio, Agosto de 2010

Eleições e mídia, com 133 milhões nas urnas

Nilson Mello*

O grande espaço dado pela mídia às eleições não tem sido capaz de transformá-las em assunto estimulante. A ampla cobertura do pleito até se justifica pelo papel que os meios de comunicação devem exercer entre as instituições democráticas - que é o de manter a sociedade informada do que diz respeito ao seu destino.

Dar transparência ao que se relaciona aos candidatos e às normas eleitorais equivale a dar transparência aos atos públicos de maneira geral. Nesta linha de raciocínio, que justifica a ênfase sazonal, Thomas Cooley, constitucionalista americano do século XIX, escreveu:

“A imprensa (...) registra os acontecimentos do dia a fim de apresentá-los aos leitores (...). A sua importância capital, então, consiste em facilitar ao cidadão o ensejo de trazer perante o tribunal da opinião pública qualquer autoridade e o próprio governo, compelindo-os a se submeterem a um exame e a uma crítica sobre sua conduta. Do mesmo modo, serve para sujeitar a idêntico exame, e com fins idênticos, todos aqueles que aspiram a funções públicas”.

Dar ampla cobertura às eleições é, portanto, dever indiscutível dos meios de comunicação, assim como, procurar manter-se informado, acompanhando o noticiário, é a contrapartida dos eleitores. Contudo, a repetição de uma retórica demagógica, mais relacionada a atos de vontade do que a programas exequíveis de Estado, e de escândalos que não escandalizam mais, transformou o que essa mesma demagogia chama de “festa da democracia” num aborrecido processo midiático.

O horário gratuito eleitoral – que não é informação jornalística, mas propaganda compulsória – tende a exacerbar a sensação de enfado, gerando mais indiferença ou desdém no público do que interesse, ainda que muitos acabem decidindo seu voto por ele.

Quando essa cobertura será mais interessante? Talvez no dia em que o eleitor estiver mais qualificado, obrigando os meios de comunicação a uma análise mais criteriosa e sutil do processo. E impondo ao candidato e, por consequência, ao eleito (parlamentar e governante), o fim da demagogia em prol do conteúdo. O culpado, no fim das contas, ainda é o Estado, incapaz de garantir a plena qualificação do eleitor em 20 anos de democracia.

No dia 03 de outubro, 133 milhões de brasileiros, 69% da população, deverão ir às urnas fazer suas escolhas entre 25 mil postulantes, na 12ª eleição desde 1988, marco da redemocratização. De acordo com o instituto Vox Populi, a maior fatia dos eleitores, hoje, já tem o ensino médio completo, o que não ocorria nas eleições anteriores.

Essa evolução, desde que não seja mera mudança formal, ou seja, desde que o ensino médio esteja, de fato, preparando os brasileiros, não deixa de ser um alento para que, num futuro não muito remoto, possamos assistir a um noticiário eleitoral estimulante. E, mais importante do que isso, possamos, em conjunto, aperfeiçoar as escolhas de parlamentares e governantes.

 
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