Diretor do Centronave aponta obstáculos

O segmento de transporte marítimo e, por consequência, o comércio exterior brasileiro dará um grande salto quando o país superar alguns obstáculos logísticos que ainda comprometem a competitividade de sua cadeia produtiva.

A avaliação é do diretor-executivo do Centro Nacional de Navegação (Centronave), Claudio Loureiro de Souza, para quem o governo dá sinais de que está ciente do problema e empenhado em procurar soluções em conjunto com o setor privado.

Sobre os investimentos em terminais privativos, Claudio Loureiro de Souza acredita que será preciso reavaliar alguns dispositivos. “Os possíveis interessados em investir nos portos ainda esbarram num ‘cipoal regulatório’ desestimulante. Mas acreditamos que as decisões certas, no sentido de estimular os investimentos, deverão ser tomadas”, afirma.

Em sua opinião, a Lei de Modernização dos Portos (Lei 8.630 de 1993), que é positiva e evitou um colapso do setor na última década, deve ser preservada. Mas adverte que a taxa de crescimento do comércio exterior em muito supera os investimentos portuários, o que está gerando uma situação crítica no setor.

Estudo realizado pelo Centronave e pela consultoria Datamar no ano passado mostrou que os atrasos nos embarques e desembarques nos 17 principais terminais de contêineres do país, por conta dos gargalos estruturais, totalizaram 72.401 horas apenas de janeiro a setembro, gerando 3.017 dias de espera das embarcações, e custos adicionais.

A crise global iniciada em 2008, com desdobramentos ainda em 2011, evitou, na verdade, um congestionamento ainda maior nos portos brasileiros, ao frear a taxa de expansão do comércio exterior. Estudo do IPEA de 2010 apontou a necessidade de 265 obras nos portos nacionais, com investimentos da ordem de R$ 42 bilhões, incluindo novos berços de atracação e modernização de equipamentos, para desfazer os gargalos. Esses investimentos, contudo, não estão se concretizando na velocidade esperada.

Para reverter a situação, Cláudio Loureiro de Souza aposta no trabalho a ser desenvolvido pela Comissão Portos, entidade integrada pelo Centronave e outras 15 associações e federações empresariais (entre elas CNC, CNI, AEB e Firjan) como um canal efetivo para debater e propor soluções ao governo. Mas adverte: “Antes de propor mudanças de ordem legal, os atores envolvidos precisam adotar uma atitude pró-ativa, que favoreça o diálogo e o entendimento”.

Perfil do Diretor-Executivo – Graduado em Administração de Empresas pela FGV, com mestrado na mesma instituição, e especializações em diversos cursos no Brasil e no exterior, Claudio Loureiro de Souza trabalhou em várias empresas de navegação e terminais portuários, tendo exercido funções executivas e de Direção na Log-In, na Vale e no Syndarma, antes de assumir Diretoria Executiva do Centronave.

CENTRONAVE – Fundado em 1907, o Centronave representa empresas de navegação de longo curso em operação no Brasil. Hoje, conta com mais de 30 associados, que, em conjunto, respondem por 95% das exportações brasileiras em contêineres e por 70% das exportações totais. Juntos esses armadores têm US$ 40 bilhões em ativos no país, entre navios e equipamentos, e empregam milhares de pessoas


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