Némros comprovam gargalos nos portos

Os atrasos nos embarques e desembarques nos 17 principais terminais de contêineres do país totalizaram 72.401 horas de janeiro a setembro deste ano (índice 1,42% superior ao mesmo período do ano passado), gerando 3.017 dias de espera das embarcações (+1,45% em relação a 2009). O tempo somado de espera das embarcações aumentou de 68.169 horas para 78.873 horas (variação de 15,70%).

O aumento da espera e dos atrasos nos embarques e desembarques ocasionou 741 cancelamentos de escalas, contra um total de 457 em 2009 (variação de 62,14%). Em sentindo inverso, as escalas efetivadas caíram, passando de 4.664 para 4.237 (-9,16%). 

No maior terminal de contêiner do país, o Santos Brasil, as escalas efetivadas recuaram de 803 para 705 (-12,20%), em função do aumento das horas de espera, que passaram de 11.599 para 14.163 (variação de 22,10%), e dos atrasos nos embarques e desembarques, que subiram de 12.348 horas para 17.054 horas (+38,11%).

O levantamento foi feito de janeiro a setembro pelo Centro Nacional de Nevegação (Centronave), entidade que representa as empresas de navegação, com o intuito de alertar o governo e a sociedade para o esgotamento da capacidade operacional dos portos brasileiros. Os atrasos nos terminais mais importantes provocam cancelamentos em cadeia, prejudicando o fluxo do comércio exterior.

As deficiências de infraestrutura logística, que são a causa do problema dos atrasos e cancelamentos, ficaram mais expostas com o início da retomada do comércio exterior após a crise de 2008/2009. O movimento de contêineres saltou de 1.874.216 entre janeiro e setembro de 2009 para 2.202.865 (variação de 17,54%) nos primeiros nove meses de 2010, sem tenha havido melhoras significativas na infraestrutura portuária.

No terminal de contêineres de Paranaguá houve 220 cancelamentos de escalas, um aumento de 220% em relação a 2009, por conta dos atrasos e congestionamentos em outros portos. No Porto de São Francisco do Sul (SC), o aumento de cancelamentos foi de 250% (de 4 para 14) e em Rio Grande (RS), de 119,35% (de 62 para 136). No Tecondi, também em Santos, o número de cancelamentos passou de 1 para 12(variação de 1.100%).

Os números mostram de forma incontestável o gargalo portuário. O Centronave calcula em R$ 40 bilhões no médio prazo os investimentos necessários para modernização dos portos e eliminação dos gargalos.



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