Centronave: gargalos portuários minam a competitividade brasileira

Os portos brasileiros não estão preparados para atender à crescente demanda do comércio exterior brasileiro, alerta o Centro Nacional de Navegação (Centronave), entidade que reúne as 30 maiores empresas de navegação.

A entidade está preocupada com os grandes congestionamentos que se formam nos principais terminais, sobretudo em Santos. Este ano, em 24% das escalas em cais públicos e terminais privativos de Santos, que o maior porto do país e da América do Sul, os navios são obrigados a esperar mais de 72 horas para atracar. Em 2007 o percentual de espera de 72 horas era de 13%, quase a metade.

O gargalo portuário se repete em todo o país. De janeiro a setembro deste ano, os navios das empresas associadas ao Centronave aguardaram, no total, 3 mil dias para atracar. “É um absurdo inadmissível, pois compromete a nossa cadeia produtiva”, afirma Elias Gedeon, diretor-executivo do Centronave.

O Brasil, na avaliação do Centronave, precisa de mais de R$ 40 bilhões em investimentos em novos terminais, modernização das estruturas existentes e obras de acesso aos portos no prazo de cinco anos, para evitar o colapso.

No período de 2001 a 2008, o volume de contêineres movimentados pelo Porto de Santos cresceu de 714.000 para 1.743.000 unidades (TEUs, contêiner padrão de 20 pés), ou seja, um crescimento de 144% sem a correspondente expansão da infraestrutura.

“Houve um forte crescimento na movimentação sem a devida contrapartida em investimentos. O resultado é um gargalo logístico que prejudica a economia brasileira, num momento em que nossas empresas precisam ganhar competitividade”, explica Elias Gedeon.

No mesmo período de 2001 a 2008, em Santos, a retroárea (área de movimentação e armazenamento de contêineres) disponível, em termos de metros quadrados, teve um aumento de apenas 49%; e a extensão de cais disponível para atracação foi de 6%.

“Resultado, a falta de infra-estrutura adequada em Santos tem ocasionado congestionamentos elevados prejudicando não só as operações no Porto de Santos como também nos demais portos brasileiros pelo efeito dominó. É que após as operações no Porto de Santos, o navio, muitas vezes, deve cumprir escalas em vários outros portos. Assim, como o navio é obrigado a esperar vários dias para operar em Santos, após sua saída e para não prejudicar operações em outros portos, alguns portos têm suas escalas forçosamente canceladas”, lamenta o diretor-executivo do Centronave.

A espera implica ainda custos diários de afretamento desnecessários tornando a operação no país mais cara em comparação com outros portos. Isto significa perda de competitividade do Brasil em relação a outros países.

Na análise do Centronave, o problema no porto de Santos decorre dos seguintes fatores: a) falta de retroárea adequada para armazenar o grande volume de containeres principalmente nas cargas de importação; b) número insuficiente de terminais “molhados” e berços de atracação; c) falta de dragagem adequada que poderia permitir o Porto atender embarcações de maior porte.



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