Canal do Panamá ampliado recebe primeiro navio |
Canal do Panamá ampliado recebe primeiro navio Fernanda Balbino Passagem marca nova fase com tráfego de embarcações maiores O porta-contêineres chinês Cosco Shipping Panama, com 48,2 metros de largura e 299,9 metros de comprimento, será o primeiro navio a utilizar o Canal do Panamá, no domingo (26), após sua ampliação. A passagem marca uma nova fase na navegação, com a possibilidade do tráfego de embarcações maiores no empreendimento. No entanto, para especialistas, os portos brasileiros não sentirão o impacto imediato desta nova realidade. Os motivos são a falta de infraestrutura dos complexos portuários e as altas taxas que devem ser cobradas durante as passagens. O Canal de Panamá, com 80 quilômetros, foi ampliado para permitir a passagem de embarcações com capacidade para até 14 mil TEU (unidade equivalente a um contêiner de 20 pés), o triplo da carga atual. Para isso, foi construída uma terceira via, com novas eclusas, uma no Pacífico e outra no Caribe, além de outras melhorias. A inauguração acontece com 20 meses de atraso e seu custo inicial, de US$ 5,25 bilhões, já foi ultrapassado em US$ 200 milhões. Segundo o consórcio Grupo Unidos pelo Canal (GUPC) responsável pelas obras, foram utilizados 2,5 vezes mais concreto do que na pirâmide de Keops, no Egito, e uma quantidade de aço equivalente a 20 torres Eiffel, em Paris. De acordo com a Administrador do Canal do Panamá (ACP), os principais ganhos decorrentes da ampliação serão no transporte de porta-contêineres, gás liquefeito de petróleo e gás natural liquefeito. Com o canal ampliado, o Estado panamenho pretende, em uma década, triplicar o valor de US$ 1 bilhão recebidos anualmente pelo pedágio das embarcações. Para o presidente do Centro Nacional da Navegação (Centronave), Claudio Loureiro, este é um fator que pode afugentar armadores. No entanto, para o executivo, é possível que os impactos sejam maiores nos portos do Norte e Nordeste, mas ainda é cedo para apontar reflexos desta inauguração. “Não deverá haver impactos para os portos do Sul e Sudeste. Isto porque o caminho mais curto para a Ásia é pelas rotas do Sul. Além disso, as taxas do Canal são elevadas. Portanto, a tendência é que a maioria dos armadores mantenha o plano de suas rotas como é hoje. Contudo, é possível que ocorra alguns reflexos para os Portos do Norte e Nordeste do país. Para essas regiões, alguns armadores poderão alterar a geografia de algumas linhas, com transbordos no Caribe”, destacou o executivo. Infraestrutura Para o diretor superintendente da Maersk Line no Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai, Antonio Dominguez, a ampliação do Canal do Panamá é uma obra de engenharia impressionante, mas ela não trará benefícios imediatos aos portos brasileiros. Isto vai acontecer por conta da falta de infraestrutura e, principalmente, de profundidade dos complexos portuários. “O problema do Brasil é de infraestrutura local. Os portos brasileiros não têm infraestrutura para esses navios (de maior porte) atracarem. Os navios precisam de um calado de 15 metros e, na atualidade, nenhum porto brasileiro tem 15 metros, principalmente Santos. Ainda é preciso muito investimento”, salientou Dominguez. O executivo ainda apontou os números que envolvem a obra. Em média, 12 mil embarcações passam pelo Canal a cada ano. São 160 países conectados, através de 144 rotas. Mas, para ele, o empreendimento será muito importante para a costa Oeste da América do Sul e terá um impacto imediato na costa Leste dos Estados Unidos e na Ásia, onde os portos já estão preparados para esta realidade. Esta rota deve concentrar 60% de todo o tráfego. Já o diretor-presidente da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), José Alex Oliva, segue otimista. “A inauguração do Canal do Panamá vai beneficiar o Porto de Santos, oferecendo mais alternativas de transporte com navios de maior porte. Isso vem alavancar a nossa tendência de crescimento para os anos a partir de 2016. A nossa capacidade de navios de maior porte que agora poderão fazer a travessia do canal do Panamá vai alavancar o crescimento já existente no Porto de Santos”. ‹‹ voltar |