Para Centronave, custo Brasil é obstáculo a armador nacional

Para Centronave, custo Brasil é obstáculo a armador nacional


Sergio Barreto Motta

O diretor-executivo do Centro Nacional de Navegação Transatlântica (Centronave), Cláudio Loureiro, criticou o recente fechamento do acesso ao Porto do Rio para realização de uma regata pré-olímpica: “A regata durou apenas algumas horas. O fechamento do acesso por período excessivo afetou o comércio do Rio e prejudicou armadores e terminais de todo o país”, disse. Explicou que, se um navio está programado para atracar dia 1 no Rio e dia 3 em Santos, se atrasar no primeiro porto, fica impossibilitado de chegar a tempo nos demais portos. Os terminais, por sua vez, reservam um espaço – “janela” – para determinado navio e, se este não chega, o tempo é perdido. Declarou que, se houvesse algum diálogo, as autoridades poderiam ter feito o bloqueio ao porto ser menos prejudicial à navegação, a portos e ao comércio exterior do que efetivamente ocorreu. A entidade espera mais bom senso no período das Olimpíadas de 2016.

Sobre as declarações de moradores do Rio, que se queixam de ver navios ancorados no mar, disse tratar-se de falta de cultura marítima, ao contrário do que ocorre no mundo desenvolvido, onde todos sabem que a entrada e saída de navios significa movimentação de riquezas e geração de empregos. Loureiro elogiou a nova Lei dos Portos, principalmente ao permitir que terminais pudessem movimentar cargas de terceiros, mas lamentou que a dragagem em portos como Santos e Rio deixasse a desejar.

Em relação à proposta do empresário Washington Barbeito, de se criar uma empresa de capital nacional para operar no comércio externo – com apoio do presidente da Frente Parlamentar da Indústria Marítima, deputado Edson Santos, afirmou Loureiro: “Nas condições atuais, isso não passa de um sonho. Os custos nacionais são mais altos e foram eles que levaram as companhias armadoras brasileiras a deixarem de operar nas rotas internacionais. É impossível se atuar se os concorrentes têm custos menores”, comentou.

Lembrou Loureiro que, quando estava na empresa Log-In, por volta de 2009, chegaram dois navios do exterior, que eram operados por 12 homens e, no Brasil, passaram a contar com tripulação de mais de 20 marítimos. “Para se competir, há que se estar de acordo com o ritmo do resto do mundo”, salientou. Disse que uma empresa brasileira, para ser competitiva, teria de ter menos tributo, comprar óleo a preço internacional, poder importar peças com facilidade e ter acesso à construção naval internacional, que oferece preços inferiores.

 



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