Portos brasileiros enfrentam desafios estruturais

Portos brasileiros enfrentam desafios estruturais

Por Kamila Donato

Dos R$ 54,2 bilhões em investimentos privados que o governo pretendia atrair para os portos brasileiros até 2017, nada ainda foi aplicado.

As empresas brasileiras têm uma meta: tornar o Brasil mais competitivo no mercado global. Enfrentando diversos problemas de infraestrutura, o país hoje é um gargalo gingante quando o assunto é eficiência e competitividade logística. Apesar de apostarem em um futuro promissor, lideranças e empresários apresentam queixas sobre as mudanças que os setores logísticos, de transporte de cargas e de comércio exterior vêm passando.

"O andamento e a velocidade dos investimentos em infraestrutura estão desconectados das necessidades do País. É preciso rever, também, o papel de cada órgão. Como falar em gestão dos portos se as autoridades portuários não têm autonomia?", desabafou o presidente do Centronave (Centro Nacional de Navegação), Cláudio Loureiro.

A discussão gera em torno de estratégias eficientes para o aumento da competitividade do mercado nacional através do setor portuário brasileiro. Segundo dados do Ministério do Planejamento, enquanto portos do País enfrentam problemas de infraestrutura, com filas para carga e descarga, verbas para obras que poderiam resolver os gargalos ficaram sem uso.

Os portos federais brasileiros gastaram apenas 29,5% dos recursos previstos pela União entre os anos de 200 e 2013. isso significa que deixaram de gastar 71,5% dos valores que estavam destinados a eles. Em valores corrigidos pela inflação, foram gastos no período apenas R$ 2,4 bilhões dos R$ 8,5 bilhões orçados para os 23 portos federais vinculados à SEP (Secretaria dos Portos), do governo federal.

O aproveitamento dos investimentos nos portos federais foi ainda ligeiramente menor em 2013: 28,3%. No ano passado foram gastos apenas R$ 470,7 milhões do R$ 1,66 bilhões previstos.

O presidente da ABTP (Associação Brasileira de Terminais Portuários), Willen Mantelli, acredita que é preciso discutir a centralização. "O enfraquecimento da autoridade portuária é ruim para o País. Viraram meros administradores de condomínio. É preciso autonomia para ter continuidade e previsibilidade".

Nesse sentido, muitas medidas e melhorias precisam ser tomadas para que o desenvolvimento se torne cada vez mais frequente no País.

Nesse sentido, a Hammar, uma empresa sueca, que atua no País há dois anos, fechou a venda de um Hammarfit, equipamento que permite o carregamento lateral de conteinêres, para a Itri Rodoferrovia.

"O Hammarfit possibilita, por exemplo, o transporte de conteinêres de um terminal para o outro ou para um vagão de trem, sem a necessidade de piso especial no local onde está operando. É eficiente, também, no processo de empilhamento", explicou o gerente de Vendas da Hammar, Cristiano Sarturi. Segundo ele a intenção da Itri é a de adquirir outras cinco unidades, sendo que uma delas está em estudo com algumas especificações sugreidas pela empresa.

Investimentos

Dos R$ 54,2 bilhões em investimentos privados que o governo pretendia atrair para os portos brasileiros até 2017, sendo R$ 31 bilhões entre 2013 e 2015, nada ainda foi aplicado e o provável é que assim que continue até o final do ano. Do plano anunciado em dezembro de 2012 de modernização e ampliação da capacidade operacional dos portos com maciço investimento privado, para reduzir os custos das exportações, por enquanto discussões técnicas impedem seu início. Os primeiros leilões previstos no plano, de áreas no Porto de Santos e em cinco portos no Pará, não têm nem data para realização, pois ainda aguardam uma decisão do TCU (Tribunal de Contas da União) que ainda não tem prazo para decidir.

A discussão que se repete exaustivamente, no caso dos portos, mostra como os programas de infraestrutura são tratados com ineficiência, gerando prejuízos para a economia nacional. Os investimentos que não saem e a cada dia geram mais expectativas mostram a notória inércia num setor crucial para o comércio exterior.

Para Laurence Casagrade Lourenço, presidente da Dersa, o Brasil é um País descentralizado. "Temos no Brasil uma falta de planejamento de um centralismo muito grande no Governo Federal", opinou. "A demora é ruim para o País", resumiu Mantelli.

Enquanto esses problemas não forem resolvidos, os problemas continuarão e o País ficará paralisado e atrasado.



‹‹ voltar