Um acerto no início de mandato

 

 

 


Artigo da Meta Consultoria e Comunicação Ltda
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Rio de Janeiro, 04 de Fevereiro de 2011

 

Um acerto no início de mandato

Nilson Mello*

Os custos de produção na China são bem menores que os das indústrias brasileiras por diversos motivos, mas especialmente porque os salários são menores, salienta a Confederação Nacional das Indústrias (CNI).

A entidade, justificadamente, está preocupada com a crescente perda de competitividade dos produtos brasileiros para os seus concorrentes chineses. Por isso, apresentou esta semana um estudo detalhado de como a concorrência chinesa está minando a indústria brasileira.

Informa o estudo, após coleta de informações junto a 1.529 empresários, que 67% das empresas brasileiras que competem com empresas chinesas, no segmento industrial, perderam espaço no mercado internacional em função da valorização do real.

Não é pouco, sobretudo se considerado que mais da metade das indústrias brasileiras exportadoras concorre com empresas chinesas. São receitas e empregos que o país está deixando de gerar.

Em pesquisa do mesmo tipo feita anteriormente, em 2006, o percentual de empresas prejudicadas era de 54%. O que comprova que a perda de competitividade vem se acentuando à medida que o dólar perde valor em ralação ao real – e outras moedas – e ao mesmo tempo em que a China atrela o yuan à moeda norte-americana, numa manobra cambial para manter seus produtos baratos e não perder clientes.

Os EUA tentam estimular a sua economia, ainda na esteira da crise de 2008. A China tenta se defender do remédio adotado pelos EUA.

O impasse: não é possível determinar à China que mude sua política cambial, a fim de que as indústrias brasileiras não sejam ainda mais prejudicadas. E não é possível obrigar os Estados Unidos a parar de fazer as emissões que inundam o mercado internacional de dólares e, consequentemente, pressionam a valorização de outras moedas.

O que o Brasil pode fazer para recuperar a sua competitividade – independentemente das políticas monetárias e cambiais adotadas mundo afora - é eliminar outros custos que encarecem seus produtos. E isso não significa que os salários dos trabalhadores tenham que ser mais baixos, ou tão baixos quanto os da China.

Neste sentido, a iniciativa anunciada pelo governo Dilma Rousseff de começar ainda este ano um programa de desoneração da folha de pagamentos é elogiável. A medida contribuirá para dar mais competitividade às empresas brasileiras e de quebra ainda estimulará o emprego formal – o que, por sua vez, tende a promover uma melhora relativa dos salários apenas em função da maior demanda por mão de obra.

Setores da indústria acertam quando informam a perda de competitividade, em relatório detalhado. Mas erram ao tentar atrelar o problema essencialmente à valorização do real, que é resultado de fatores sobre os quais o Brasil não tem controle. Erram também ao esperar que o país copie a China, adotando uma política cambial artificial, que gera outras distorções.

Melhor, desta vez, fez o governo, que enfrentou a questão atacando uma de suas raízes – o custo do emprego. Na seqüência, também poderia começar a trabalhar na redução e simplificação dos impostos, na diminuição da burocracia e no aumento dos investimentos em infraestrutura – eliminando assim outros fatores que minam a competitividade da empresa brasileira frente aos seus concorrentes na China e no mundo.

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