Acidente com navio no Canal do Panamá confirma riscos previstos em estudo brasileiro

Acidente com navio no Canal do Panamá

confirma riscos previstos em estudo brasileiro

    No último dia 21 de julho, menos de um mês depois do início das operações nas novas eclusas do Canal do Panamá, o navio conteineiro Xin Fei Zhou, da Cosco, colidiu com a parede da eclusa Agua Clara, situada no lado do Atlântico. O navio, de 335 metros de comprimento e 42.84 metros de boca, se movimentava para oeste quando colidiu com a estrutura, sofrendo uma avaria no casco, acima da linha d'água. Não houve feridos e nem poluição da água. A Autoridade do Canal do Panamá está investigando o incidente.

    O primeiro acidente ocorrido nas novas eclusas do Canal do Panamá não aparece como surpresa para a Fundação Homem do Mar (FHM), braço educacional  do Sindicato Nacional dos Oficiais da Marinha Mercante (SINDMAR). Um estudo independente realizado em um simulador para pesquisa e treinamento, encomendado à FHM pela Federação Internacional dos Trabalhadores em Transportes (ITF) e concluído este ano, revelou que a navegabilidade do Navio, na entrada e saída das novas eclusas do Canal do Panamá, não ocorria de forma segura. Isso porque o bollard pull dos rebocadores requerido para a realização da manobra não era suficiente, conforme avaliado no estudo independente realizado pela FHM.

    No aspecto náutico, durante as simulações de manobras, foi demonstrada a dificuldade de manter o controle do navio sob as condições ambientais frequentes no Canal do Panamá. Quanto ao uso dos rebocadores, o desempenho foi insatisfatório devido à sua baixa potência.

    O estudo recomendou que fossem realizados treinamentos com todos os envolvidos nas manobras nas novas eclusas do Canal do Panamá e uma análise de risco, pois erros humanos ou situações como falhas de comunicação, cabo partido e avarias nos rebocadores (ou em seus equipamentos de uso direto na manobra) poderiam conduzir a um acidente com até poluição marinha e perda de vidas humanas.

    “Fizemos uma análise detalhada nos nossos simuladores para pesquisa e treinamento, onde foram estudadas, em diferentes condições meteorológicas, as condições de manobrabilidade nas novas eclusas. O estudo, de fato, comprovou a grande dificuldade de manter o controle do navio nas manobras simuladas”, comentou o Coordenador da FHM, Mario Calixto.



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